Home   |   Expediente   |   Publicidade   |   Cadastre-se   |   Fale Conosco             

Justiça

25 de Janeiro de 2024 as 11:12:17



BRUMADINHO - Ex-Presidente da VALE prestes a obter HABEAS CORPUS em Processo Criminal


O rompimento de barragem da VALE em Brumadinho, em 25.01;2024, soterrou centenas de casas, matou 270 pessoas e devastou a bacia do rio Paraopebas até o mar
 
Tragédia de Brumadinho completa 5 anos nesta 5ª feira, 25.01. Vitimas receiam impunidade após voto favorável a ex-presidente da Vale, Fábio Schwartsman, em pedido de habeas corpus no STJ
 
"De que lado a Justiça quer ser lembrada? De qual lado?", questiona Andresa Rodrigues, presidente da Associação dos Familiares das Vítimas e Atingidos pelo Rompimento da Barragem em Brumadinho (Avabrum). A pergunta ecoa a dor de uma mãe que perdeu o filho e que teme a impunidade.
 
Assim como parentes de outros mortos, ela lamenta decisões tomadas recentemente na tramitação do processo criminal. As principais frustrações envolvem a federalização do caso e o recente voto favorável ao habeas corpus apresentado pelo ex-presidente da Vale, Fábio Schvartsman.
 
A tragédia completa cinco anos nesta 5ª feira, 25.01. Nesta mesma data, em 2019, o rompimento da barragem da Vale liberou uma avalanche de rejeitos que soterrou 270 vidas e gerou ainda devastação ambiental e poluição na bacia do Rio Paraopeba. As famílias das vítimas contabilizam 272 mortes, levando em conta que duas mulheres estava grávidas.
 
No processo criminal, 16 pessoas respondem por homicídio doloso qualificado e por diferentes crimes ambientais. São 11 nomes ligados à Vale e cinco vinculados à empresa alemã Tüv Süd, que assinou o laudo de estabilidade da barragem que se rompeu.
 
Schvartsman é um dos réus. Sua defesa já apresentou diferentes pedidos de habeas corpus que não tiveram êxito. No entanto, a federalização do caso decidida em dezembro de 2022 abriu a possibilidade de uma mudança no cenário, tendo em vista que o novo juízo pode apresentar interpretações distintas daquelas que prevaleciam na Justiça mineira.
 
No ano passado, a defesa de Schvartsman levou ao tribunal um novo pedido de habeas corpus pedindo o trancamento da ação penal contra ele. Os advogados sustentaram que não havia justa causa para o recebimento da denúncia e que não é possível imputar nenhum ato ou omissão do ex-presidente da Vale que tenha levado ao rompimento da barragem.
 
Eles também observaram que um laudo produzido na investigação realizada pela Polícia Federal (PF) indicou que a perfuração com uma sonda foi o gatilho para a tragédia. A defesa do ex-presidente da mineradora sustenta que ele não teve conhecimento sobre a realização desse procedimento.
 
O laudo da PF, no entanto, sinaliza que a estrutura já se encontrava em condição precária, do contrário a perfuração não teria o desfecho trágico. Não por acaso, ele foi indiciado na investigação conduzida pela Polícia Federal e concluída em novembro de 2021.
 
Antes, ele também já havia sido indiciado pela Polícia Civil, no inquérito que serviu de base para a denúncia do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), que deu início ao processo criminal. O MPMG afirma na denúncia que Schvartsman tinha conhecimento das condições precárias da estrutura.
 
O julgamento do habeas corpus teve início no dia 13 de dezembro, com o voto [favorável] do relator, desembargador Boson Gambogi. Ele acolheu os argumentos da defesa. Ainda restam dois votos. Se mais um deles for favorável a Schvartsman, o ex-presidente da Vale deixará a condição de reú.
 
Atualmente, o julgamento está interrompido devido ao pedido de vistas apresentado pelo desembargador federal Pedro Felipe Santos.
 
Na semana em que o julgamento do habeas corpus se iniciou, a Avabrum convocou uma agenda de manifestações. Após a divulgação do voto de Gambogi, a entidade divulgou uma nota afirmando que a posição do desembargador "enfraquece a confiança dos familiares das vítimas na Justiça".
 
A Avabrum também sustenta que o trancamento de uma ação penal por meio de um habeas corpus deve ocorrer apenas em situações excepcionais, quando a acusação é frágil ou quando não há descrição da conduta individual do réu. A entidade considera que não é o caso e que, dessa forma, caberia a Schvartsman tentar provar sua inocência no curso de julgamento.
 
"Ficamos muito revoltados. Se ele acha que não participou de nada, ele tem que provar durante o julgamento. Quem deve não teme",
 
diz a engenheira civil Josiane Melo, que perdeu a irmã e também integra a diretoria da Avabrum.
 
Procurada, a defesa de Fábio Schvartsman informou que prefere não se manifestar. Josiane também lamenta que, após tanto tempo tramitando na esfera estadual, o processo tenha sido federalizado e voltado à estaca zero, atendendo também um pedido da defesa de Schvartsman.
 
"A gente vê isso como resultado de uma manobra para ganhar tempo. É uma manobra para o caso prescrever".
 
Federalização
 
O processo sobre o rompimento da barragem tramitou na Justiça estadual mineira por três anos. A denúncia elaborada pelo MPMG aponta que um conluio entre a Vale e a Tüv Süd resultou na emissão de declarações de condição de estabilidade falsas que tinham como objetivo esconder a real situação da barragem e permitir que as atividades da mineradora pudessem ser levadas adiante.
 
Com a federalização definida em dezembro de 2022, o processo voltou praticamente à estaca zero. Mesmo que o MPF tenha repetido a denúncia formulada pelo MPMG, a mudança de esfera exige uma nova citação os réus e são abertos novos prazos para a apresentação das defesas.
 
A denúncia foi aceita na Justiça Federal em janeiro do ano passado. Após um ano, os réus ainda estão sendo citados. Além disso, foi dado a cada um deles 100 dias para apresentar sua defesa. A federalização do caso foi inicialmente determinada pelo STJ Superior Tribunal de Justiça atendendo um pedido da defesa de Fábio Schvartsman.
 
O centro da questão girava em torno da suspeita de ocorrência de crimes federais como o descumprimento da Política Nacional de Segurança de Barragens (PNSB) e possíveis danos a sítios arqueológicos, que são patrimônios da União. A tese de incompetência da Justiça estadual foi aceita mesmo sob discordância do MPF, que se alinhou ao entendimento do MPMG.
 
Na época, o procurador-geral de Justiça do MPMG, Jarbas Soares Júnior, disse à Agência Brasil que houve uma inversão de papéis. Ele considerou estranho que a defesa do ex-presidente da Vale buscasse incluir mais crimes à denúncia contra o próprio cliente.
 
"Não houve um conflito de competência entre os juízos e o MPF não reivindicou a sua atribuição. O advogado do réu é que está dizendo que teria crimes federais",
disse.
 
Nesta semana, ele voltou a avaliar que a situação é atípica. Como o MPF reapresentou a denúncia do MPMG, os crimes federais citados pela defesa de Fábio Schvartsman não serão julgados.
 
"O processo está na Justiça Federal sem uma imputação de crimes federais",
criticou Jarbas.
 
A federalização também retirou da Avabrum a condição de assistente de acusação. A Justiça estadual havia admitido que a entidade auxiliasse o MPMG. Quando os autos foram remetidos à Justiça Federal, uma nova solicitação foi apresentada. No entanto, o desembargador Gambogi não permitiu que a Avabrum pudesse atuar como assistente do MPF.


Fonte: AGENCIA BRASIL. Chamada de capa da Redação JF





Indique a um amigo     Imprimir     Comentar notícia

>> Últimos comentários

NOTÍCIAS DA FRANQUEADORA E EMPRESAS DO SEGMENTO


  Outras notícias.
OPERAÇÃO LESA PÁTRIA - Polícia Federal deflagra 26ª Fase 16/04/2024
OPERAÇÃO LESA PÁTRIA - Polícia Federal deflagra 26ª Fase
 
MORAES liberta Coronéis da PMDF Réus por Omissão no 8 de janeiro 28/03/2024
MORAES liberta Coronéis da PMDF Réus por Omissão no 8 de janeiro
 
PETROBRAS - Justiça reconduz Presidente do Conselho de Administração ao cargo 18/04/2024
PETROBRAS - Justiça reconduz Presidente do Conselho de Administração ao cargo
 
CNJ abre Processo Disciplinar contra Juíza GABRIELA HARDT 18/07/2023
CNJ abre Processo Disciplinar contra Juíza GABRIELA HARDT
 
Justiça autoriza Transporte Hidroviário na Represa Billings, em São Paulo SP 15/04/2024
Justiça autoriza Transporte Hidroviário na Represa Billings, em São Paulo SP
 
ABORDAGENS POLICIAIS - STF considera ilegal o Perfilamento Racial 12/04/2024
ABORDAGENS POLICIAIS - STF considera ilegal o Perfilamento Racial
 
STF reconhece que Estado deve indenizar Vítimas de Bala Perdida 12/04/2024
STF reconhece que Estado deve indenizar Vítimas de Bala Perdida
 
MORAES nega pedido para isentar X no Brasil de Ordens Judiciais 09/04/2024
MORAES nega pedido para isentar X no Brasil de Ordens Judiciais
 
CASO ELON MUSK - Se houver descumprimento, qualquer coisa a ser feita, será feita no processo, afirmou Barroso 11/04/2024
CASO ELON MUSK - Se houver descumprimento, qualquer coisa a ser feita, será feita no processo, afirmou Barroso
 
JULGAMENTO DE MORO - Maioria do TRE-PR vota contra Cassação 09/04/2024
JULGAMENTO DE MORO - Maioria do TRE-PR vota contra Cassação
 
Escolha do Editor
Curtas & Palpites